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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Saúde da população negra é tema de audiência pública na Assembleia Legislativa

Na semana em que se comemora o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), as organizações do movimento negro e quilombola e povos de terreiros participaram da audiência pública sob o tema “População negra, saúde em debate”. O evento foi realizado na manhã de sexta-feira (31) na Assembleia Legislativa do Amapá (ALAP).
O evento teve como objetivo ampliar as discussões sobre as interfaces da Política Nacional de Saúde do Negro, com vista ao fortalecimento da participação dos povos de terreiros nos espaços de controle social de políticas públicas de saúde. A politica nacional de saúde da população negra tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso aos serviços, levando em consideração, os preocupantes dados sobre a saúde desses povos.
A solenidade de abertura foi iniciada com a presença de representantes do poder público e sociedade civil, além de lideranças das comunidades tradicionais de matriz africana de Macapá e Santana. Em seguida houve a apresentação de um vídeo sobre práticas e cuidados na promoção da saúde do afro-religioso através da cura pelos métodos naturais.
Para a Yálorisá Yá Ejeredê, Nina de Souza Amaral, representante do Renafro- AP, “é importantíssimo discutirmos esses temas para alertar, em especial ao poder púbico sobre a questão da saúde da população negra e dos povos de terreiro do nosso estado, para que eles comecem a se prevenir com medidas simples de atendimento à saúde”.
Estudos comprovam que os homens negros são mais vulneráveis às doenças, especialmente enfermidades graves e crônicas. Segundo informações do Ministério da Saúde, a cada três mortes adultas, duas são causadas por doenças graves em pessoas consideradas negras.
A Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileira completa uma década de existência neste ano, vem contribuindo para que a atenção à saúde da população negra no país, e em especial das pessoas adeptas às religiões de matrizes africanas, conquistasse espaço na agenda pública. Embora, muito ainda deva ser feito, é preciso reconhecer os avanços e buscar novas estratégias para o monitoramento das políticas públicas e controle social por parte da sociedade civil, mas também do poder público em reconhecer as suas fragilidades.
A necessidade de garantir que os terreiros pudessem ter o direito à saúde é prioridade do evento, sendo que não chega a esses locais por conta de todo imaginário negativo às religiões de matrizes africanas. O maior desafio ainda é descontruir o imaginário negativo e a intolerância religiosa. Nesse momento a maior contribuição é mostrar que o ato de cuidar pode ser compartilhado pelos terreiros, considerados espaços promotores de saúde através do uso medicinal das folhas. Saber milenar passado de geração em geração.
Atualmente a Renafro conta com mais de 36 núcleos espalhados pelo país e representações em 21 Estados. No Amapá, existem aproximadamente 400 terreiros cadastrados. Para atingir seus objetivos a Rede vem realizando, desde a sua criação, uma série de capacitações, oficinas, seminários e encontros nas casas de religião de matriz africana de Macapá e Santana com o objetivo de instrumentalizar e potencializar os saberes das lideranças de terreiros para o exercício do controle social de políticas públicas de saúde, com o intuito de sensibilizar gestores e profissionais do setor sobre os impactos do racismo e da intolerância religiosa no campo da saúde desses povos.
A mesa da audiência pública foi composta com as presenças de representantes da Secretaria Estadual de Saúde de Amapá, Secretaria Municipal de Saúde de Macapá, Conselho Estadual de Saúde, Secretaria Especial de Afrodescendentes (SEAFRO), Instituto de Promoção de Igualdade Racial, Imena, entre outras organizações. O encontro teve como objetivo a ampliação e fortalecimento  do Núcelo Amapá da RENAFRO sobre a Saúde da População Negra e População de Terreiros e implementação da Política Nacional de Saúde da População Negra no Estado do Amapá.
A semana que comemora o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra encerra neste sábado (01) com uma ação social, onde vários atendimentos serão realizados na Escola Estadual Azevedo Costa, no bairro do Laguinho das 8 às 13hs. A ação vai disponibilizar para a população exames de PCCU, próstata, teste rápido de HIV, hepatite, glicemia, mama e verificação de PA. Orientação psicológica, distribuição de preservativos, carteira do SUS e carteira de trabalho, também estarão entre os serviços ofertados pela ação social do Renafro-AP. O evento será aberto ao público e faz parte das atividades da Mobilização Nacional Pro-Saúde da População Negra no Amapá.



Assembleia Legislativa do Estado do Amapá – ALAP
Departamento de Comunicação - DECOM
Parceria - Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde do Estado do Amapá – RENAFRO.
Texto: Ediana Franklin (Assessora de Comunicação)
Fotos: Gerson Barbosa

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