Os integrantes das comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Amapá foram recebidos nesta sexta-feira (2) com música pelos acolhidos na Fazenda Mãe da Esperança, em Guaratinguetá, interior de São Paulo. Os parlamentares - após receberem as boas-vindas, foram até o salão e ouviram relatos vivenciados pelas acolhidas e também receberam informações sobre a metodologia de funcionamento da comunidade terapêutica, que trabalha na recuperação de dependentes químicos.
Os parlamentares Jory Oeiras (PRB), Charles Marques (PSDC), Jaci Amanajás (PV), Augusto Aguiar (MDB) e Janete Tavares (PSC) ouviram vários relatos das acolhidas sobre o que as levaram ao mundo das drogas. Kamilla Moreira está hoje com 21 anos. Aos 18, ela passou a usar drogas. Diz que a autoconfiança, a mentira e a ausência dos pais foram fatores que a levaram para este caminho.
Há quatro meses na Fazenda, ela se sente limpa e livre desse mundo. "Hoje a minha maneira de ver o mundo mudou completamente. Vejo as outras mulheres como amigas e criaturas do bem e tenho a certeza que nós já vencemos essa guerra. Aqui, aprendemos que quanto mais amor, mais nos distanciamos do mal e sentimos cada vez mais a presença de Deus em nós", conta.
Janaína Luana Mendes Araújo é de Salvador. Chegou à Fazenda no dia 25 de janeiro de 2017. Ela informa que os problemas com a família, principalmente com o padrasto, a levou para o outro caminho. Hoje, recuperada, diz que o que menos queria era reencontrar a família para não relembrar os problemas vivenciados no passado.
"Relutei muito, mas, como faz parte do trabalho da Fazenda, de depois de recuperada voltar ao convívio família, fui e, para minha surpresa, fui muito bem recebida; com muito amor pelos meus pais, principalmente pelo o meu padrasto. Mas, a surpresa maior foi saber que tanto a minha mãe quanto o meu padrasto, também, fizeram o tratamento na Fazenda; isso me deixou muito feliz", relata. Hoje, Janaína se prepara para as missões. "Irei dar o que eu recebi de graça, o amor", revela.
A mudança de comportamento de Kamila e Janaína é visível em todas as outras acolhidas. O novo estilo de vida apresentado aos parlamentares amapaenses, segundo Juliana Nogueira, que integra a direção da Fazenda, está associado à metodologia desenvolvida pela comunidade terapêutica.
O primeiro passo importante para que todas tenham esta visão é não ter distinções de quem chega à Fazenda. "Aqui, recebemos mães com os filhos, grávidas e até mesmo famílias, mãe, pai e filhos, e desenvolvemos um trabalho onde todos possam se sentir assistidos, acolhidos e o melhor, amados", explica.
Hoje, à Fazenda Mãe da Esperança, faz parte do Complexo Fazenda da Esperança, presente em 18 países e no Brasil conta com 118 unidades, atuando com o apoio de voluntários, na recuperação de dependentes químicos. A Fazenda de Guaratinguetá possui 10 casas com 12 pessoas cada; fábricas de cosméticos, artesanatos, padaria, confeitaria, estufas para produção de hortaliças, locais para produção de animais e ateliê de costura. Todas obedecem a um moderno padrão de construção e trabalham com base no tripé: espiritualidade, convivência e trabalho.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS - Alap
Texto e fotos: Emerson Renon
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