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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Favacho: “Não se pode só ficar debatendo a crise, temos que arregaçar as mangas”





Filho de tradicional família política local, o deputado Júnior Favacho (PMDB) está em seu segundo mandato, demonstrando ter luz própria e personalidade. Logo na estreia, na Legislatura passada, teve que assumir as rédeas da Assembleia Legislativa, pois era o vice presidente, numa crise que vira e mexe ganha novos episódios. Mas não se fez de rogado, ao contrário, tocou a gestão interinamente e conseguiu avanços importantes. Esta semana ele recebeu o Diário do Amapá em sua casa, para avaliar a atual conjuntura e como observa o desempenho de novos parlamentares no Parlamento Estadual, onde ele agora já figura como um dos veteranos, por assim dizer. Ele fala das dificuldades do governo e sobre como o estado deveria trilhar o caminho rumo ao desenvolvimento a tanto esperado. 

Da Redação do Diário

Diário do Amapá – A Assembleia Legislativa está sempre no olho do furacão digamos assim, apesar de um bom volume de produção legislativa, conforme foi recentemente divulgado. Qual sua leitura do atual momento dela?
Júnior Favacho – Olha, é uma casa política, então sempre terá uma intensa movimentação política, acho normal. Passamos recentemente por mudanças no comando, como todos sabem, mas fruto de maturidade, com todos entendendo seu papel e sua importância para a construção coletiva e participativa de um Parlamento mais forte e independente. Com relação a produção legislativa vivemos sim um bom momento, especialmente com a chegada de novos parlamentares, que estão demonstrando muita disposição para encarar os desafios do mandato o que é muito salutar. É como quando a gente era estudante e não via a hora de começar o ano letivo, conhecer a sala de aula, os colegas, os professores.

Diário – Tem um pouco de empolgação?
Favacho – Não diria isso. No meu entendimento é natural que os nossos novos colegas estejam com essa disposição, isso é bom para o Parlamento e é ótimo para a sociedade. O que não significa dizer que os reeleitos também não tenham essa mesma disposição. Eu mesmo continuo percorrendo o estado de norte a sul e diante dos problemas que nos são apresentados pelas comunidades, pelas lideranças e até mesmo por autoridades constituídas a gente fica ansioso para ver aquilo logo resolvido. Isso é uma coisa boa da política, a possibilidade de ajudar as pessoas.

Diário – Mas o fato de haver uma renovação de quase 50% da composição da Assembleia demonstra que houve uma cobrança por parte da sociedade?
Favacho – Não foi bem de 50%, pois dos 24 deputados 13 foram reconduzidos e 11 são novos. Agora 12 com a chegada da deputada Aparecida [Salomão].Além disso, alguns parlamentares da legislatura anterior nem disputaram a reeleição, como Bruno Mineiro e Eider Pena. Mas concordo que seja uma renovação, uma oxigenação, o que é algo válido em qualquer ambiente e muito normal na democracia. Mas também é preciso dizer que os parlamentares que deixaram a Casa deram uma grande contribuição ao Legislativo e possuem uma carreira consolidada. Da mesma forma, aqueles que foram reeleitos e continuam conosco mantém um excelente rendimento.

Diário – Mas os novatos chegam a influenciar os mais antigos, com esse ímpeto que estão apresentando?
Favacho – Esse ímpeto é salutar, faz parte. É que todos estão em busca de conquistar seus espaços, seja na própria Assembleia, seja nos diversos segmentos da sociedade. Os mais experientes, como já conhecem o fluxo das coisas, as estruturas, podem até nem aparecer tanto neste momento, pois realizam ações pontuais, eficazes, ou seja, que buscam otimizar os recursos disponíveis, humanos, financeiros ou técnicos, em prol de um resultado palpável. Mas longe de mim aqui tirar o mérito da atuação dos deputados e das deputadas que chegaram no ano passado ao Parlamento, ao contrário, já demonstram grande capacidade e liderança pois muitos já eram vereadores e com certa rodagem na política.

Diário – E são muitas mulheres não é mesmo?
Favacho – Sim, outra feliz contribuição da Assembleia do Amapá, uma realidade que vem sendo construída aos poucos, a cada eleição para o Legislativo Estadual. E elas fazem a diferença mesmo, com sua sensibilidade, com o despojamento para o diálogo e uma enorme capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo. Temos muito que aprender com elas…[risos]

Diário – O senhor parece um otimista. É assim que encara a vida?
Favacho – Olha, sou um Cristão acima de tudo, confio muito em Deus e aprendi a não ficar me lamentando, pois a vida é feita de muito trabalho, perseverança e fé. Acredito na força do trabalho, fui criado assim. Meus pais, que também passaram pela política, me ensinaram a perseguir a política de resultados, tanto na iniciativa privada, onde comecei profissionalmente, como na atividade partidária, onde milito atualmente. Isso tudo pra dizer que acredito muito no Amapá, um estado ainda jovem e que ainda está por encontrar o caminho para o seu desenvolvimento pleno. Temos muitas potencialidades, isso é inegável, mas isso por si só não basta é preciso um olhar mais arrojado que projete nosso estado para o futuro, com planejamento e decisão.

Diário – Isso talvez o tenha levado a lançar seu amigo e infância Bruno Mineiro a sair candidato a governador na última eleição?
Favacho – Com certeza, a gente viu e ainda vê nele uma excelente alternativa. Aquela candidatura surgiu mesmo como uma opção para o eleitor e considero que foi uma grande estreia para o Bruno que tem todas as condições de retomar sua bela carreira política. Foi uma grande oportunidade para discutirmos novas possibilidades para o Amapá e mergulhamos de cabeça naquele projeto, que considero apenas pausado.

Diário – Mas o senhor e seu grupo político abraçaram a candidatura do atual governador no segundo turno não foi?
Favacho – Sim, não poderíamos nos furtar de participar do processo, ficar em cima do muro não conta. O próprio governador quando recebeu nosso apoio disse que era o que faltava para aquela reta final da disputa. Fizemos a nossa parte, ajudamos a elegê-lo e agora damos nossa contribuição com a governabilidade fazendo parte do Legislativo, onde as políticas públicas ganham legitimidade.

Diário – E como está vendo esse começo de gestão?
Favacho – Ah, sabemos das dificuldades, especialmente de caixa, pois tem um enorme passivo que foi herdado, uma lamentável realidade que nem a Lei de Responsabilidade Fiscal conseguiu acabar, apesar de ser considerada uma legislação avançada e que se propõe a ser austera. Mas confesso estar preocupado sim, pois a população está ansiosa por respostas, afinal os problemas se avolumam, as chuvas têm data para começar e para terminar todo ano e não se pode mais ficar discutindo a crise, tem que arregaçar as mangas e trabalhar, nesse ponto confesso que sou pragmático. Se é para fazer, vamos fazer, sabe?

Diário – E do ponto de vista da infraestrutura deputado, o que deveria ser priorizado pelo estado?
Favacho – Olha, nossa população está tão desassistida que ainda hoje não se tem a universalização do fornecimento de água tratada e nem esgoto, que hoje representa um traço na estatística. Mas acho que temos alguns quesitos que precisamos apostar, como o porto e as estradas. É inadmissível termos a mais antiga rodovia federal em construção no país. Estrada é sinônimo de desenvolvimento, de integração, portanto gostaria de ver esse estado cortado por estradas asfaltadas e até mesmo abrindo novas. Defendo a retomada do projeto da Perimetral Norte, que já deveria ter cruzado a fronteira do Amapá com o Pará, chegando à Venezuela e de lá acessando outros mercados, como o Caribe e o Platô das Guianas.

Diário – E como conseguir isso?
Favacho – Não vai ser fácil. O Amapá perdeu muito com a saída de Sarney da nossa bancada. Ele olhava pra frente, era um estadista. Aliás ainda é, pois está vivinho da silva e tem muito a nos ensinar e contribuir. Mas precisamos reagir, mobilizar todas as forças possíveis e me coloco à disposição, com a mesma disposição de quando entrei na Assembleia ao assumir meu primeiro mandato.

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